Meus amigos,
Devido a minha falta de tempo, não pude participar mais ativamente dos preparativos de nossos festejos. Mas a data nostálgica me levou a escrever este texto.
Tive dúvidas de como começaria a escrever. Mas, como de praxe, resolvi começar pelos agradecimentos. Primeiramente agradeço à DEUS, que nos proporcionou a oportunidade de encontrar e conseguir aglutinar pessoas tão especiais. Faz-nos crer que nada disso foi por acaso. Depois agradeço as nossas famílias, começando pelos nossos pais e irmãos que participaram do momento mais turbulento, nos aturando na acepção da palavra. Depois as nossas esposas e filhos, que apesar de pegarem uma parte mais branda, também passam por algumas situações. É bem verdade que alguns não entendem muito bem e indagam: - Mas o que é isso? Raposa? De novo? Mas tenho certeza que depois da noite de hoje, algumas coisas serão esclarecidas. Agradeço a todos os que de alguma forma contribuíram com a Raposa ao longo destes anos. Outros agradecimentos farei ao final do texto.
Feitos os agradecimentos, decidi passar para alguns pontos que me chamarão a atenção ao longo desses 20 anos.
Sendo assim, como poderia me esquecer da tarde do dia 10 de dezembro de 1991. Fomos todos para o Colégio Cenecista Manoel Duarte, onde cursávamos, ou pelo menos a grande maioria, o 1º ano do 2º grau, chamado hoje de ensino médio. Antes de entrarmos, nos reunimos e decidimos que nada de importante havia de se fazer, pois já havíamos feito as provas. Portanto, nos locomovemos diretamente para a Rua Alcebíades Moraes, 415 - na Serra do Sambê, mais especificamente para residência do nosso 1º presidente o Dr Paulo Cordeiro, pai de nosso amigo Guilherme. Lá chegando, fomos direto para piscina. Uma verdadeira festa, uma saudável brincadeira com amigos, digna, em alguns casos, do que hoje é tratado como bulling, mas para nós, era apenas a intimidade de amigos que cresceram juntos. Olhando todo aquele cenário, me dirigi ao amigo Guilherme e o disse: - Isso é muito bom, mas vai acabar. Precisamos fazer algo para nos manter unidos.
E foi daí que surgiu a idéia de fundar um bloco carnavalesco logo batizado de Raposa, afinal era consenso que o bloco tinha que ter o nome de um bicho. O objetivo principal era manter os amigos unidos. E hoje, percebemos que este objetivo foi atingido.
Lembro-me de nosso 1º carnaval, em 1992, das flechas de ubá, em que só dois blocos desfilaram, o Sossego e o recém-nascido Bloco Carnavalesco da Raposa, que começou sua trajetória, trazendo na letra de seu samba o senso crítico que lhe é peculiar, afirmando que “ser prefeito no Brasil é tirar doce de neném”. Depois falamos da alegria do carnaval. Logo em seguida, falamos de futebol, que sempre foi a nossa outra paixão. E o numero de blocos foi aumentando.
Surgiram então, as saudáveis e históricas rivalidades com os co-irmãos Bloco do Bode, que diga-se de passagem muito nos ajudou em nosso início e o bloco do Pelerman, principalmente por conta da competição constituída nos desfiles de blocos. Tivemos então, dois desfiles inesquecíveis, um em que viajamos a Bahia e o outro que contamos na avenida a “Fábula da Raposa”. Como me esqueceria dos momentos que antecederam o carnaval, do trabalho incansável de Tio Almir, Cosme e Dengó, com a ajuda e participação de todos os membros, inclusive do “carpinteiro Jamil e do “pintor” Neno. A locomoção dos carros alegóricos até a avenida também não dá para esquecer. Outro ponto que não nos foge a memória, foi o entusiasmo do nosso “mestre” substituto, que pulava a cada toque do surdo, assim como ver nosso primeiro presidente, um médico renomado, empurrando um carro alegórico. Afinal, do que a Raposa não era capaz?
Como não se lembrar das brigas e do carnaval de 1998 na Rua Bangu em Rio das Ostras, que selou a paz entre todas as “tribos” contemporâneas a nossa.
O tempo foi passando e começamos a nos notabilizar por conta de nossa bateria. Nossas estadias em Rio das Ostras, serviram para que isso ficasse claro. Tocávamos samba com qualidade e cada vez nos exigíamos mais. Quem não gostava de samba, passou a gostar. Novos membros foram chegando a Raposa foi tomando corpo. Viajamos as Minas Gerais e levamos o nosso samba.
Iniciava-se uma nova etapa, que nos fazia ainda mais notados e principalmente cada vez mais unidos. Surgia a Raposa do Samba, que muitos momentos de alegria nos trouxe, destacando-se a nossa participação no festival da canção, com duas musicas de autoria de nosso amigo Luiz Muniz, pai daquele que é sem dúvida o maior músico da Raposa, nosso amigo Leandro, o nosso Grilinho. As musicas foram “Amargo da Dor” e “Transformações”, que nos levou ao segundo lugar. Os nossos primeiros pagados no “shopping” não saem da nossa memória.
Muitas festas, pagodes, amigos ocultos, confraternizações. A Raposa conseguiu, nos manteve unidos por 20 anos e com a permissão de Deus, por mais alguns anos.
Estive pensando em como definir a Raposa. A Raposa não é apenas uma roda samba, mas a nossa alegria e a nossa energia quando tocamos, contagia a pessoas. As vibrações emanadas, tocam as pessoas. A Raposa não é simplesmente um encontro de amigos que trocam idéias, brincam, tomam a sua cerveja. Este não é o seu principal combustível. A AMIZADE move a Raposa e isso é fato. Não há como explicar a Raposa com palavras. É algo surreal para uns, para mim é ESPIRUTUAL, porque é algo que começa no âmago de nosso ser. Um verdadeiro sentimento de irmandade que nos une, nos mantém unidos e que nos faz conhecer um ao outro de forma que nem pessoas muito queridas e próximas conseguem.
Talvez seja por isso que algumas pessoas não entendam “os porquês” da Raposa. Como disse não é com palavras que se explica. A Raposa, é preciso sentir. É preciso ter a pré-disposição de querer viver um pouco da Raposa para entender.
Por isso amigos, agora venho fazer os agradecimentos que me referi inicialmente, que para mim são primordiais. Obrigado a cada um de vocês que viveram a Raposa. Obrigado por tudo o que fizeram por mim e por me ajudarem a me tornar que sou hoje. Obrigado pela dedicação, pela amizade, pelo amor de todos vocês, MEUS IRMÃOS.
André Pijama
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